domingo, 28 de dezembro de 2008

Você é como música para mim


Sabe quando você escuta uma música?
Quando você gosta da música é inevitável, involuntariamente a música entra em você e te faz sorrir e sacolejar o corpo...começa com um bater de pé, batuque de mão e quando vê já está cantando alto, mesmo que esteja no ônibus ou na rua.
E, por mais que fique sem graça, porque as outras pessoas olham e pensam "que maluca, está falando sozinha" ou "olha só, canta como se a música fosse dela", não liga, porque naquele instante, naquele instante a música é realmente sua.

Você é como música pra mim...
É a música pro meu coração.


Texto escrito em uma ocasião especial, para uma pessoa mais que especial.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Não vi...

Eu tracei uma rota...

Eu passearia por todo o país
Me desfiz das mais belas paisagens
Pra chegar mais rápido em você

Cortei caminho, subi morros, percorri trilhas
Quando cheguei me dei conta
Que eu não tinha perguntado do seu dia
Cheguei e você no escritório
Papéis, canetas, anotações e telefones
Eu me lembrei só depois disso
Que não era feriado
Nem final de semana
Veja como a vida é
A gente faz planos
E a rotina desfaz todos eles

A mala nem foi desfeita
Mas também não voltei com ela
Deixei lá
No canto do hotel
Que venham outros mais felizes


Eu voltei
Não vi cor, nem paisagem
Não vi você e todo resto
Descobri que nem deveria ter saído daqui

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Texto para um amor que mora longe...

É estranho, muito estranho
Pra onde as coisas vão
Conheço os seus passos
Sei até onde vão chegar
Mas não sei dos meus
Sei que nossos passos juntos são melhores
Mas não sei quando
Nem como estarão lado a lado
Talvez um dia, talvez meio dia
Ainda que cinco minutos
Ou segundos
Meu caminho ficaria diferente
Seria diferente
Queria mesmo saber se as estradas nos encaminharão para o mesmo lugar
Mas toda música fala de mar
Por que?
Vai saber se no lugar de caminho tem um rio
Existem rios que nem se cruzam
Existem outros que não se misturam
Águas negras e claras
Se separam
Como óleo e água
Queria mesmo saber
Como eu queria
Sei que quando não te tenho não me faz falta o mar
Nem todas as outras coisas...

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Da série metáforas que a Juliana inventa...

Sabe quando a gente cai, rala o joelho e arde pra arregaçar? Daí a gente fica soprando, soprando, aliviando, mas continua ardendo né, mas se a gente espera umas duas horas, mesmo sem soprar ele pára de arder, não é? Então...

É isso que acho.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Conto de amor número 2

Na atribulada cidade, megalópole onde centenas de pessoas se cruzam, lá estavam eles.
Pessoas, números, estatísticas e coincidências.
No primeiro dia ativo da semana, enquanto ele saía do metrô, ela entrava, no mesmo vagão.
A cena se repetiu mais dois dias.
Impossível passar despercebido.
Ele não acreditava em destino, muito menos em acaso, ele sempre pagava para ver.
Ela notou, pensou em não dar tanta importância, mas no segundo dia sonhou com o metrô.
Fernando estava vestido de preto, normalmente essa era sua roupa, não que fosse proposital, eram apenas umas camisas e umas calças que tinha, dadas ou compradas, as cores eram as mesmas e ele não queria ter trabalho para escolher. Resolveu ficar naquele vagão, se recusava a sair, esperaria para ver a moça entrar, desceria na próxima estação.
Ela, Ana Clara, enfermeira há dois anos, vestia branco, da cabeça aos pés, a divergência ficava por conta da bolsa, um roxo, cheio de penduricalhos.
Entrou, sentou, retirou seu livro.
Ele estava de pé, não resistiu e sentou ao lado, retirou seu livro. Não desceu na estação seguinte.
Ela se sentiu atentada, olhou para o lado, reparou no tênis, preto, subiu o olhar, mochila no colo, com o crachá do serviço no bolso lateral, um livro e parou por aí, medo de cruzar o olhar.
Ele ficou imóvel, queria falar alguma coisa mas não conseguiu, não conseguiu nem mesmo olhar para o lado.
Ela levantou, se foi.
Fernando desceu na estação seguinte, foi para casa e não parou de pensar nela.
Ana Clara estranhou o que sentiu sentada ao lado daquele rapaz, no entanto, tratou de ignorar mais uma vez. Sonhou com o metrô e com ele também.
O metrô era o ponto de encontro. Inevitavelmente eles se encontravam, entre vários vagões o destino, o acaso, ou seja lá o que for, embora Fernando não acreditasse, tratava de colocá-los mais uma vez no mesmo lugar.
Ele, decididamente, resolveu fazer alguma coisa.
Dessa vez, quando ela entrou, ele levantou e ficou esperando que ela pegasse o seu lugar.
Ana Clara entrou e sentou no lugar que acabara de ficar vago. Abriu o seu livro, tentando não levantar os olhos e encarar aquele que povoou seu sonho na noite passada.
Ele a encarava de cima. Dessa vez pode reparar em todos os detalhes. Seu cabelo ondulado, molhado de quem acabou de tomar banho, suas mãos delicadas e a boca, essa que mais chamava a atenção, entreaberta, com os dentes brancos, mais brancos que ele pudera ver. Olhou o livro, não via o título, mas ela estava na página 88, a mesma que ele lia.
Ela grifava de marca-texto rosa os trechos que mais lhe agradavam, por várias vezes se pegou com a lágrima escorrendo ao ler, tinha um pouco de vergonha disso acontecer, mas era inevitável e só conseguia ler durante os trajetos.
Fernando tinha um trecho grifado também, não era sobre o amor ou nada parecido, mas era um que mostrava quem ele era até agora, sua sensibilidade ali, algo que não costumava mostrar. Queria que ela visse, queria falar, sorrir. Agiu. Derrubou seu livro no dela, ambos caíram no chão.
Ele se abaixou, entregou seu livro a ela e segurou o dela.
Ela leu “Mas nenhuma destas cicatrizes era recente. Tudo o que nele existia era velho, com exceção dos olhos que eram da cor do mar, alegres e indomáveis.”
Sorriu. Conheceu Fernando naquele momento.
Ela agradeceu a leitura. Perguntou o nome dele, disse o seu. Queria conversar mais, mas precisava ir.
Ele respondeu, guardou aquele sorriso e ficou com a certeza de ela, Ana Clara, o conhecera mais profundamente que qualquer outra pessoa.
No mesmo vagão, no mesmo horário, ela entrou, ele permaneceu. Dessa vez não haviam bancos vagos.
Ela se aproximou, se dirigiu a ele pelo nome.
E conversaram, sobre livros, músicas, filmes, os encontros. Tão naturalmente como pessoas que se conheciam há anos. Não trocaram telefones. Sabia que se veriam por ali.
Incrivelmente sempre se encontraram.
Combinaram cinema.
Ele continuava com o mesmo olhar. Ela com o mesmo sorriso.
Declararam o que viviam, o amor. E viveram, declaradamente.
São um. São dois.
Mas agora entram juntos no metrô.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Apenas mais uma de amor...

Pela manhã, vindo para o serviço caminhando, após descer de um ônibus lotado, em uma esquina...Eu precisava atravessar a rua, os carros passavam, não podiam parar.

Lá estava ele chorando.

Calça jeans, camisa preta, um casaco azul marinho, cobrindo a cabeça.

Ela estava com com os braços cruzados e segurava pela cordinha uma sacola branca de papelão.

Sapato alto marrom, calça da mesma cor, camisa creme e um casaco preto.


Ele chorava compulsivamente e gesticulava.

Ela ouvia, pacientemente tudo, como quem sempre esperou ouvir aquilo.


Ele disse "Eu só quero minha vida de volta".

Ele implorava a volta dela.


E eu atravessei a rua, sem olhar para trás.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008